Eu me sinto só,
Totalmente só.
Não sei se choro ou sorrio,
Fui deixado ao relento.
Estou sentindo frio,
Minhas costas colidem contra o vento.
Eu me sinto só,
Eternamente só.
Quero uma explicação,
Que me dê a solução.
Abro a porta e corro,
Vou ao topo mais alto do morro.
Ergo as mãos tentando tocar,
As nuvens para seus pés encontrar
E ter a certeza de que não estou mais só,
Eternamente só.
Desço o morro vacilante.
Ah, meu Deus! Eu só queria um instante...
Volto para casa: lixo, caçamba, entulho...
...Até que ouço um barulho:
Uma família enfrente à vitrine,
Escolhendo presentes de natal.
Antes que sua mãe imagine,
Seu filho corre atrás de um jornal.
O jornal voa direto para a rua,
Mas que cena tão horripilante e crua.
Um carro em alta velocidade,
Vem rasgando a cidade,
Mas ele não consegue parar...
...Se não sou eu para o menino salvar...
Deus nos livre, do que seria!
Uma vida que se esvazia.
Mas graças a Deus,
A criança se salvou.
Um abraço forte a mãe me deu
E até seu pai me beijou.
Fui convidado a sentar à mesa
E desfrutar daquela beleza:
Peru, pernil, arroz de forno...
...rabanada e uva de sobremesa
Sou membro e posso sorrir,
Com esta família desde então
E hoje garanto que posso sentir,
OS PÉS DE DEUS EM MINHAS MÃOS!
Autor: André Catapreta